2006-06-27
O nono número, segundo Eduardo Pitta

 

"Saiu mais um número da revista 'aguasfurtadas'. O nono. Grafismo impecável e CD incorporado: na pista 2 podemos ouvir O Papagaio e a Galinha (2003) de Alexandre Delgado. A voz de Catarina Molder e o piano de João Lucena e Vale justificam a audição. A pauta, a partir de uma fábula de Bocage, vem inserida no corpo da revista. 'aguasfurtadas' é um bom exemplo do que devem fazer os 'novos': juntar-se e apresentar trabalho. É verdade que os 'novos' precisam de espaço, mas também é verdade que é preciso provar essa necessidade. É por aí — ou seja, por revistas como esta — que a prova de fogo se faz. Eco na imprensa do mainstream, para quê, se for para serem confundidos com o resto? Adiante. Inês Lourenço, que podia ser mãe deles, comparece. Mas Inês Lourenço ganhou esse direito porque sempre deu espaço a quem aparecia. Os cadernos Hífen — treze números entre 1987 e 1999 — abriram caminho a muita gente. Como acontecia no número anterior, a poesia leva a parte de leão. Tiago Gomes está de volta, Rui Lage assina uma sequência com ambição, outros procuram uma voz que seja sua. Na área da tradução, destaque para A fenomenologia da ira de Adrienne Rich (n. 1929), por Margarida Vale de Gato. Primeiro no original, depois na língua de chegada. Irrepreensível. Um breve intróito situa a autora, escandalosamente ausente da edição portuguesa. Boa prestação fotográfica de Bruno Espadana, Joana Cadima, Vasco Gil e Jorge Garcia Pereira. Ana Cancela Pires disserta sobre John Cage, num texto (de dezasseis páginas) informado e fluente. Falta citar outros, mas é para isso que serve a crítica: para seleccionar."

Eduardo Pitta

furtado por Rui Manuel Amaral | 08:13

7 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Li a "crítica" do Senhor Eduardo Pitta e não podia deixar de escrever algumas palavras. A escrita desse Senhor sempre me causou diversos pensamentos, atitudes e sorrisos. Sempre muito dono da verdade; sempre arrogante afirma que os outros poetas que não tiveram a honra de figurar na sua crítica ainda "procuram uma voz que seja a sua". Será que o Exmo Senhor Eduardo Pitta leu com os olhos ou com o cérebro os poemas verdadeiros de António Pedro Ribeiro ou os poemas sublimes e contidos de Joaquim Cardoso Dias?? Ou será que estes dois poetas, por exemplo, não fazem parte da familia/capelinha do crítico/amigo Eduardo Pitta?? É lamentável. É ridiculo. É nojento como pessoas que se dizem de cultura se comportam com tamanha falta de bom senso e riqueza/coluna vertebral.
N. Fonseca

15:06  
Blogger Rui Manuel Amaral said...

Caro N. Fonseca,

Os dois autores que citas, o Pedro Ribeiro e o Joaquim Cardoso Dias, são excelentes. De resto, é justamente por serem excelentes que nós os convidamos para figurarem neste número nove. De qualquer maneira, o Eduardo Pitta tem o direito de pensar o que quiser sobre cada um dos autores que participam na revista. Destacou aqueles que queria destacar. Outros leitores destacarão nomes diferentes. É perfeitamente legítimo. Nem sequer sabemos se o Eduardo Pitta inclui entre os autores "que procuram uma voz que seja sua", o Pedro e o Joaquim.

15:43  
Anonymous Anónimo said...

Caro Rui Manuel Amaral,

Obrigado por responder às minhas palavras. Claro que o Senhor Eduardo Pitta tem o direito de pensar o que quiser sobre quem quiser, mas manda o bom senso que testemunhe o que diz e defende.(Eu também posso pensar o que quiser sobre quem eu quiser desde que testemunhe a minha opinião). No entanto, há muitos críticos que deviam estar calados. Nem sabem o que estão a dizer. Escrevem torto por linhas direitas. Sabe, gosto muito de poesia, ainda que não escreva. Não tenho talento para escrever, mas sei sentir a poesia e custa-me ver jovens poetas e poetas já com obras notáveis serem absolutamente ignorados por não pertencerem aos lobbys e às capelinhas dos críticos e, também, às de outro tipo de gente! E o Rui Amaral sabe que é assim. (Um dos meus filhos participou no DN Jovem e diz-me sempre que o Joaquim Cardoso Dias foi um dos melhores poetas que passou pelo DN Jovem e que vários poetas do DN Jovem e poetas consagrados admiram a escrita dele. Já tentei contactar o Joaquim Cardoso Dias, mas ele agradeçe os meus e-mails e mantêm-se quieto e calado no seu mundo. Talvez por isso não pertença a nenhuma capelinha!) Não gosto de polémicas, mas não podia ficar calado. Eu respeito muito as palavras dos poetas, por isso fiquei revoltado por o senhor Eduardo Pitta apenas citar e elogiar os amigos. Enfim, ele é que sabe. Mas eu também sei. Sei onde a verdadeira e calada poesia se encontra... ainda que seja a minha maneira de olhar as coisas. E porque será que não citou a traduçao de José Mário Silva? Tenho um cunhado que é tradutor conhecido, em Espanha, e já me disse que a traduçao de José Mário Silva é de uma elegância extrema. Mas Eduardo Pitta é assim. Então assim seja, mas com moderação e com verticalidade. As atitudes só qualificam quem as produz. Parabéns pela aguasfurtadas. Gosto, sou leitor desde o número 1 e recomendo.
N. Fonseca

17:14  
Blogger Rui Manuel Amaral said...

Caro N. Fonseca,

não faço a menor ideia se os autores que o Eduardo Pitta cita no texto são seus amigos.
O que esta conversa revelou - e isso é o mais importante para nós - é que E. Pitta e o N. Fonseca leram a "aguasfurtadas" e apreciam-na.
Nós, na "aguasfurtadas", gostamos de todos os autores que colaboraram neste número nove.

17:36  
Anonymous Anónimo said...

Entendo, caro Rui Amaral, está a ser diplomático. O nosso mundo é assim dual, mas precisamos todos uns dos outros. E tantos e muitíssimos de nós esquecemos que esta verdade é tão verdade. Muitos nós pensamos que temos o rei na barriga. O seu papel, Rui, é esse e eu entendo-o e respeito-o muito. Acredite. Mas deixe-me apenas alertar para o perigo dos que pensam ter esse rei na barriga.

20:20  
Anonymous Anónimo said...

O design gráfico deste número muito Marrucho... "Grafismo impecável"? Que vergonha devia ter o crítico literário para proferir tais palavras sobre a arte de paginar. Falta de bom gosto.

13:01  
Anonymous Anónimo said...

Desculpem, estava a referir-me ao design do número 10. Mas este também não foge à escola Marrucho. É um vergonha tamanha falta de criatividade!

13:06  

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